ARTE É FAZER O QUE VOCÊ NÃO PODE FAZER Olá, e seja bem-vindo ao nosso podcast! Hoje trazemos algo interessante que o escritor Peter Handke disse em entrevista ao jornal alemão Die Zeit. Para ele, arte é fazer o que você não pode fazer.Isso nos leva a uma pergunta: será que a arte depende mesmo da capacidade ou da habilidade do artista? Ou será que há algo mais no processo criativo que vai além do que sabemos ou podemos fazer?Vamos refletir sobre isso com outros exemplos.O pintor Cy Twombly busca reduzir a influência do próprio ego em suas obras. Ele amarrava seu pincel em uma vara longa para evitar que sua mão direcionasse demais o processo. Twombly acreditava que o que a mente sabia ou podia fazer poderia atrapalhar sua arte. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele chegou a pintar no escuro, quando trabalhava como decodificador para o exército americano. O que está por trás dessa ideia? Quando o próprio artista se torna um obstáculo, para onde a arte aponta?Já o escritor Uwe Johnson quer mostrar em sua escrita justamente o que é oculto na realidade. Sabendo que não pode simplesmente mostrar isso de forma direta, usa palavras que se repetem e se desviam de conceitos já conhecidos na tentativa de capturar tal realidade.Esses artistas, tanto Twombly quanto Johnson, buscam algo além da mera representação do cotidiano. Eles querem tocar em algo mais profundo, algo que fica em segredo e que, por vezes, é invisível à primeira vista. Em 1910, Rainer Maria Rilke escreveu sobre o quanto talvez ainda não tenhamos visto, de fato, algo real e importante. Isso é muito atual. Ele questiona se, apesar de todo o progresso, da cultura e da sabedoria acumulada, ainda estamos vivendo na superfície da vida. Será que, mesmo com toda nossa evolução, a verdadeira essência das coisas ainda nos escapa, coberta por camadas de imagens e distrações?A arte, então, pode ser uma forma de contato com uma realidade profunda. Ela não é apenas uma forma de criar imagens ou textos, mas um caminho para buscar algo além de nossas próprias limitações e habilidades. A arte exige que o artista refine constantemente suas ferramentas e se aventure no desconhecido, mesmo sabendo que o próximo passo é dado na ignorância e na incapacidade. Porque, no fundo, a arte não é sobre o que sabemos, mas sobre o que ainda temos a descobrir.O pintor, por exemplo, procura dar vida a um quadro. O compositor escuta os movimentos de sua alma. O músico se permite ser tocado pela obra de outro.O romancista se desafia a olhar a realidade de forma única, sem se apegar aos estereótipos. Todos eles praticam, dia após dia, suas habilidades, mas sabem que o próximo passo deve ser dado com humildade, sempre na busca do que ainda não sabem.Assim como os artistas, quem procura recriar-se, fazer-se novo, também tenta ver além da superfície. Quer entender o que está por trás das lutas e fracassos do cotidiano, à busca de uma transformação profunda.À medida que avança nessa jornada, percebe um grande abismo entre o que aprende pelo autoconhecimento e o que faz em sua vida prática. No fim das contas, a consciência parece estar obsoleta: não é mais suficiente para compreender e viver de acordo com o novo ser que começa a despontar.Nessa jornada, a arte é abrir espaço ao ser original que está oculto, e que é real. Fazer o que não se faz com habilidade ou capacidade técnica, mas com o distanciamento do ego e enxergando a luz com os olhos da alma.Obrigado por nos acompanhar neste episódio! Se você gostou, explore o nosso site LOGON BRASIL para ler o artigo completo Nos vemos no próximo episódio!Photo: Rostende Liebe -Ausschnitt - Ruth Alice Kosnick CCO

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